“The wise have always said the same things and the foolish have always done the opposite.” - Arthur Schopenhauer
O economista Brad DeLong discorre sobre o livro "A Monetary and Fiscal History of the United States, 1961-2021", escrito pelo também economista e vice-chairman do FED durante a gestão Clinton, Alan Blinder. Uma excelente contextualização histórica sobre o debate macroeconômico fiscal e monetário de Kennedy até Biden.
“(…) macroeconomic stabilization and growth policies will remain a complex mix, tackling current issues while inadvertently creating new problems for the future. This is exacerbated by the disjointed functioning of fiscal and monetary policies and the persistent reliance on outdated models by policymakers. These models often fail to address the current fiscal and monetary environment effectively, as they are rooted in the contexts of past generations rather than present realities. Thus, the policy landscape is destined to be one of ongoing adjustments and recurring challenges, much like a blancmange of evolving issues.”
O economista Samuel Pessoa analisa a resiliência de última instância do sistema político brasileiro, marcado em sua história recente por duas grandes crises e (pelo menos) três governos conturbados . Uma retrospectiva dos últimos vinte anos sob a ótica do recém-publicado “Por que a democracia brasileira não morreu?”
“Nosso presidencialismo multipartidário viveu um equilíbrio de 1995 até 2006. O equilíbrio ‘estava assentado em crenças compartilhadas em favor de políticas de inclusão social com sustentação fiscal’. Dois choques exógenos ao sistema quebraram o equilíbrio. Primeiro, a combinação de boom de commodities com a descoberta do pré-sal, e, segundo, a grande crise financeira global. O primeiro choque gerou a sensação de que estávamos ricos. Caímos na armadilha da maldição dos recursos naturais. O segundo justificou ideologicamente a mudança de rota no modelo de desenvolvimento. Optou-se pelo capitalismo de Estado com todo seu intervencionismo e as ineficiências microeconômicas que daí decorrem em associação com o esgotamento fiscal.
(…)
A segunda parte do livro inicia-se com a pergunta título: por que a democracia não morreu? A resposta tem duas partes. Primeiro, a recessão democrática é um evento bem raro. Principalmente, em economias com renda média alta. Há ampla literatura internacional documentando esse fato. Segundo, o desenho institucional altamente consociativo, com inúmeros pontos de vetos, dificulta muito qualquer aventura autoritária.”
O historiador e economista Adam Tooze escreve sobre a excepcional transformação da agricultura brasileira nos últimos cinquenta anos, marcada particularmente pela notória ascensão do centro-oeste em meados da década de 90. Uma história rara de ganhos de produtividade duradouros, exemplificativa do valor agregado potencial de parcerias público-privadas funcionais.
“Brazil's agricultural leap forward is celebrated as a product of modernization i.e. mechanization, research and human capital formation, not simply resource mobilization. If there is a hero of the story, it is Embrapa, Brazil’s premier agronomical research corporation. Apart from know-how, tractor mechanization assisted by rural credit systems propelled the growth surge. Brazil is now not only self-sufficient in farm machinery but an exporter from factories run by all of the major global producers worldwide.”
A importância do discernimento entre problemas caracterizados como de “Elo forte” e “Elo fraco”, i.e. onde as determinantes do sucesso dependem construtivamente da “força” da melhor peça (”Strong Link”), e onde a minimização da magnitude da “pior ocorrência” é o que realmente importa (”Weak Link”).
Interessante reflexão para a alocação de capital em mercados públicos, comumente compreendida pelo participante mediano como uma atividade dependente de grandes acertos, e pelos primeiros quartis como uma atividade altamente condicionada na minimização de grandes erros (“I think part of the popularity of Berkshire Hathaway is that we look like people who have found a trick. It's not brilliance. It's just avoiding stupidity.” - Charlie Munger).
“Strong-link and weak-link problems have very different solutions. With weak links, we need risk-aversion and a focus on high minimum standards and safety. With strong-link problems, however, we need to embrace risk, diversity and competition.
(…)
Many retired people have the weak-link problem of how not to lose money - a problem which is surprisingly easy to manage for sterling-based investors. Venture capitalists, however, have the strong-link problem: they must find one or two companies with massive payoffs to cover the inevitable losses of failing companies.”
Entrevista com o CPO (Chief Product Officer) do Nubank, Jag Duggal. Executivo de carreira do Google e Facebook, Jag entrou para a companhia há aproximadamente quatro anos. A conversa aborda profundamente o rigor no desenvolvimento de novos produtos e a cultura client-centric da organização.
Outra excelente entrevista do mesmo podcast com o fundador do Airbnb, Brian Chesky, exemplo de “força bruta empresarial” (no melhor sentido do termo), há 16 anos no comando da empresa.
Particularmente interessante é a história da reorganização da companhia durante a pandemia, em um momento catastrófico para o setor de turismo, e a subsequente “re-fundação” do negócio, uma espécie de reconquista da visão do empreendedor que resultaria em uma empresa lucrativa em bases consolidadas pela primeira vez.
O ex-engenheiro da Microsoft, Steven Sinofsky, comenta os exageros e extrapolações do zeitgeist atual da inteligência artificial; principalmente onde estratégias “localmente ótimas” voltadas a atacar os maiores pools de lucro do paradigma anterior acabam distorcendo a direção de potenciais casos de uso mais efetivos.
“(…) it might just be that trying to use LLMs for search will be what causes the next AI winter, just as machine translation or expert systems caused previous winters. That would be a bummer. The expectations are so high for LLMs to disrupt Google, replace search, and reinvent research that anything less than that will be billed as disappointing.
I think it is legitimate to start asking if we’re pointed in the right place.“
Uma discussão (gráfica) sobre as razões por trás da (crescente) prevalência do discurso pessimista em meio a um contexto pós-industrial amplamente positivo. “Cassandrismos” como “profecia autodestrutiva” (self-defeating prophecy).
“A problem-solving orientation in conversation may inadvertently lead to problems being massively over-represented in public discourse.
That might, overall, be a good thing! It’s good when people spread the word about problems, so that collectively we’re more likely to come to solutions.
But an unfortunate side-effect is excess pessimism: insofar as the vibes reflect the valence of the topics in public discourse, we should expect bad vibes even when things are quite good.”